Ao princípio ainda pensei tratar-se de uma daquelas falsas histórias apresentadas na Web como verdadeiras, mas uma busca pelo nome do médico russo Leonid Rogozov mostrou-me que desta vez tinha acontecido mesmo.
A história é esta: um médico em serviço na Antárctida fez uma operação a si próprio, uma apendicectomia.
A 29 de Abril de 1961, Rogozov, então com 27 anos, começou a sentir-se mal – fraqueza generalizada, primeiro; náuseas, depois. Tinha também febre moderada, 37,4 graus. Dores na parte inferior direita do abdómen fizeram-no concluir que o problema se devia a um caso de apendicite aguda.
Tentou resolver o problema recorrendo a medicamentos, mas não resultou. Rogozov continuava a piorar, chegando a vomitar em várias ocasiões.
Isolado, sem mais nenhum médico ou enfermeiro na equipa da sexta expedição soviética à Antárctida, sem possibilidades de pedir socorro aéreo por causa do mau tempo e com a estação mais próxima a 1600 quilómetros de distância, Rogozov teve de tomar a decisão de se operar a si próprio, antes que fosse demasiado tarde.
O motorista e o meteorologista da equipa serviram de assistentes: um passava-lhe os instrumentos, o outro segurava num espelho para que Rogozov pudesse ver o que estava a fazer. As circunstâncias que levaram o médico a decidir-se por uma medida mais drástica, o planeamento e execução da operação e o período pós-operatório são descritos pelo próprio num texto muito simples, conciso e notavelmente sóbrio (em inglês) que poderão ler aqui. A Wikipédia também escreve sobre o feito. Verdadeiramente impressionante.
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