
É notável que para uma daquelas tradicionais capas moralizadoras antes de um grande jogo europeu que os desportivos costumam fazer, o jornal O Jogo (edição Lisboa) tenha ido buscar uma emblemática citação de um dos maiores oradores da política mundial, Barack Obama, colocando-a na boca de Jorge Jesus: «Yes We Can».
O nosso grande treinador tem tanto prestígio entre os benfiquistas como Obama tem entre os europeus, mas não é propriamente conhecido pela sua eloquência.
Jesus é muito mais conhecido pela célebre frase «Subem, subem, caralho», através da qual corrige as movimentações dos seus jogadores. O Yes we can não é uma expressão adequada à cultura futebolística de um treinador que, em Outubro de 2006, num treino do Belenenses, disse aos jogadores «Vocês os três, façam aí um quadrado».
Ora aí está uma sábia indicação. Jorge Jesus não lhes deu um problema geométrico um bocadinho complicado de resolver, transmitiu-lhes uma mensagem: se querem ganhar, têm de tentar o impossível.
Por isso estou convencido de que a única forma de ganhar hoje à noite ao Liverpool é se três jogadores conseguirem mesmo formar um quadrado, por força de tanta aplicação, correria e, já agora, inteligência táctica.
Yes We Can? Isso é mariquice dos americanos. Poderemos lá levar a sério um povo que chama football a uma espécie de râguebi com capacete jogado quase sempre com as mãos? Estou mesmo a ver o Jesus na palestra a dizer «Temos de sangrar no campo para ganhar isto e o plantel todo a repetir, olhos fechados e mãos juntas no peito, Yes We Can!
Não resulta, pá. Simplesmente não resulta. Eu hoje quero que três jogadores do Benfica sejam capazes de formar um quadrado. E quero que subem, caralho!
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